quinta-feira, janeiro 18, 2007

Mariana viajou com os pais para a Amazônia.
Soube da existência do boto cor de rosa. A partir disso, o que mais queria era chegar logo, no mundo da floresta e das águas, para conhecer o animal da pele rosa.

Parece com um golfinho! - disse Mariana.
Sim, disse o guia. E como os golfinhos, o boto adora uma brincadeira. A diferença entre esses animais está no bico. O bico do boto é mais comprido e possui pêlos na parte de cima.
Mariana estava atenta as informações. A mãe ao vê-la assim, sentiu um alívio, pois, ficou com medo da filha detestar o lugar, por ser uma terra de clima quente e de bichos peçonhentos.
Ao escutar da procura grande de alguns homens malvados pelos olhos do boto cor de rosa, Mariana sentiu um nojo, mas seguiu forte e não chorou. "Pessoas acreditam que o olho é o amuleto do amor. Quem o possui consegue arranjar um namorado/a rapidinho" - disse um pescador revoltado ao passar pelos turistas.

De volta ao hotel, Mariana não parava de pensar naquelas palavras ditas pelo homem. Enquanto se preparava para o jantar, a preocupação com o boto que tinha visto de manhã não saia da sua mente. Com os pés descalços, e sem fazer barulho foi de passinho em passinho na direção da porta do quarto. Saiu sem fazer um barulho se quer, e foi em direção ao rio para ver se o boto ainda estava por lá.
Sentou na beirada do rio. Começou a bater com suas pequenas mãos na água para chamar a atenção do "Rosinha", ela deu o nome durante o passeio. Não é que mais que de repente, Mariana começa a ver ondinhas e um bico encosta na sua pequena mão.
No rosto um sorriso se abre, agora ela tinha certeza que bichinho estava bem. Resolveu então, entrar no rio - pensava na mãe, ela não ia gostar de ver esta cena - quando viu o boto começava a girar em volta, seu bico fazia cosquinha, emitia um som fininho. Seria o som uma forma de conversar com a menina?

Minutos se passaram. Mariana escutou sua mãe lhe chamando. Despediu-se do boto com um "até amanhã, Rosinha", quando viu o boto sumiu naquelas águas escuras do rio.
A mãe estava a procura da filha. Ouviu um choro e um chamado desesperado. Virou-se e viu sua filhinha correndo para seus braços e em prantos disse:
- Mamãe, eu acho que estou grávida.
- Como assim, minha filha?
- O boto, tudo culpa do boto.
- Como assim do boto, Mariana?
- Só queria saber se ele estava bem. Ta, confesso, entrei no rio. Desculpa mãe. (lágrimas escorriam cada vez mais pelo seu rosto)
- Mariana, conta esta história direito.
(Vou pular esta parte porque vocês já leram)
- .... e quando saía da água, escutei a conversa de duas moças. Elas diziam que o boto atraia as mulheres para o rio, através dos seus encantos. Passava um tempo, então, a mulher aparecia grávida. Ele me encantou mamãe, eu não tive culpa, você sabe com adoro rosa. E ele também é muito bonitinho.
A mãe não agüentou e soltou uma bela gargalhada. Mariana sem entender nada, perguntou qual o motivo da risada.
- Minha filhinha, o que você escutou foi uma lenda, que o pessoal dessa região conta. É um mito, isso não acontece.
A menina estava com cara de interrogação. A mãe explicou melhor.
- Diz à lenda que nas noites de festa, o boto transforma-se em um belo mocinho. Como um gentil mocinho, ele conquista, encanta a mocinha e a leva para o rio. Tempos depois a moça aparece grávida. O povo gosta de contar esta história quando fica sabendo de uma mulher grávida que não sabe quem é o pai. Entendeu minha querida?
A filha enxugando as lágrimas não fez que sim nem que não. Mas entendeu que tudo não passava de uma fantasia. Como os desenhos animados.
Mariana percebeu que não era tão forte assim. Mas não sentiu vergonha, pois, sentiu que mocinhas também tinham o direito de chorar.
Mais calma, perguntou para mãe se ela podia ver o boto amanhã.
A mãe respondeu sim, mas avisou que deveria chamá-la. Queria nadar com o boto cor de rosa, conhecer os encantos do primo do golfinho das águas doces da Amazônia. Enquanto o marido brincava de pescador no outro lado do rio.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial