Churumela percebeu que suas asas não teriam forças para continuar a viagem. A noite estava muito fria. Foi então, que se aproximou da janela de madeira da casa de tijolos e com as pequenas asas limpou o vidro embaçado do quarto mais alto. Assim viu: quarto amarelo, casa de boneca, pufes e um vasinho de flor. Menina deitada na cama branca abraçada ao urso marrom desbotado, jardim com balas e uma fada lhe visitando. Churumela queria entrar, precisava se aquecer para voltar ao mundo das cores, o seu mundo colorido.
Por conta do frio, suas asas ficaram descontroladas e numa das batidas, o vidro se deslocou, dando passagem para a borboleta.
A fada se escondeu atrás da palmeira de papel. Em uma olhadinha, curiosa a danadinha, percebeu que a pequena borboleta precisava de uma ajudinha. A asa ficou presa. Agarrada ao corpo da borboleta, as duas foram puxando, cuidadosamente, e ao soltarem a asinha, as duas voaram direto para a casa de boneca, bem no sofá da sala de estar. Churumela balançando as asas para ver se estava tudo em ordem, agradeceu, mas só viu o rastro dourado deixado pela fadinha: - até que enfim vi uma fada. e por sinal muito linda!
Com dificuldade, pois, as asinhas ainda estavam congeladas, a borboleta conseguiu chegar até ao vaso da flor grande vermelha. Ali estaria a sua salvação, um cantinho aconchegante e quentinho.
Começou a fechar os olhos para um longo descanso e foi aí que escutou um: “psiu!”. Olhou para o outro lado da cama, lá estava a dona do “psiu”. A boneca, que não era de pano, mas tinha os cabelos roxos, um chapéu azul e um sorriso grande, e com a cabeça fazia um sinal para Churumela ir até ela.
As cores do vestido encantaram Churumela que a fez lembrar do seu mundinho. E a boneca, então, perguntou se ela, a borboletinha, não poderia ficar embaixo do vestido para se aquecer. Ainda vidrada nas cores, perguntou o porque. A boneca respondeu que queria um favor. E sem mexer os olhinhos a borboleta queria saber qual era o favor. Foi aí que ficou sabendo que a boneca também pertencia ao mundo das cores e que lá encontraria Lakshmi: uma moça branquinha, bochechas rosadas , com cabelos vermelhos e que seria sua protetora.
Churumela não achou estranho, pois tinha certeza que já tinha visto a mocinha em algum lugar.
Sim, sim! deitada no colo de um mocinho, todos os sábados de manhã, em um jardim com um lago cheio de flor de lótus. O mocinho, a cada sábado, levava um livro diferente. E a cada sábado, Lakshmi escutava uma história diferente, enquanto, contemplava a flor. Assim nunca esqueceu da mocinha pois também gostava de flores e cores.
Churumela, a borboleta vermelha e preta e de crochê, então fez assim: esquentou-se debaixo do vestido da boneca simpática e logo que o sol acordou, dentro do vestido, a borboleta, começou a bater suas asas e levou a boneca, aproveitou, e também levou a flor grande para a terra das cores, para enfeitar o jardim de Laksmim querida.