sexta-feira, julho 29, 2005

"Eu já nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando cada riso teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira"

E depois do cigarro, volto na ponta dos pés, volto para seus braços e baixinho digo: "É agora ou nunca, mas preciso dizer que te amo". Te beijo, te cubro e durmo.

quarta-feira, julho 27, 2005



vontade de sentar em uma dessas nuvens. sentar e balancar as pernas. ou então ficar pulando uma a uma. ou ou usá-las para desenhar. ou ou ou pedir um pedaço emprestado para criar um algodão doce. ou ou ou ou brincar com bolinhas de nuvem. ou ou ou ou ou... e foi assim que Drica imaginou ao olhar as nuvens de perto, quando andou de avião pela primeira vez.

segunda-feira, julho 25, 2005

Noite azul. Aurora estendeu a canga, junto sempre junto, o seu fiel companheiro Rufus que observava um grilo perdido naquele mundo verde.

Desde do primeiro dia de março, ou melhor, as noites de março eram assim: Aurora e o céu. Queria fazer um pedido para a primeira estrela, mas sempre encontrava duas ou as três marias. Dessa vez resolveu subir a montanha logo depois que desceu o sol.

E lá estava ela, a estrela, a lua, única companheira. Noite azul. E Aurora pediu: "Estrela. Primeira estrela. Pra você eu peço. Uma carta".

Lentamente, a dona de Rufus - que esqueceu o grilo e agora se coçava por causa da grama - abria os olhos lentamente, e de longe escutou um apito. Um apito longo. Chamou Rufus e correram para a casa amarela com jardim de jasmim. Uma bicicleta vermelha na porta: "Calma, Aurora! Calma! Olha o coração".

Abriu a porta de madeira, entrou e na mesa da cozinha uma carta. O carteiro estava sentado tomando uma xícara de café com leite. Ele lhe disse: "Boa noite, a carta que esperava".

Aurora pegou o pote de bolachas e correu para o jardim. Rufus escolheu ficar na cozinha, sentia um cheiro de comidas gostosas. No jardim, em um balanço, lia a carta pausadamente, queria sentir nas palavras como estava sendo para Jaiminho, o seu bom e velho marido, ver o mar. A filha o levou para conhecer o oceano, presente de aniversário: 80 anos. Aurora nasceu em frente para o mar, já conhece o gosto da água, já pisou na areia, já sentiu a brisa. Agora chegou a vez do "meu velho", como ela o chamava. E também não podia abandonar a neta, que esperava o primeiro filho. O primeiro bisneto.

Na noite seguinte, na mesma hora, Aurora subiu a montanha, e mais uma vez pediu para a mesma estrela solitária: "Estrela. Primeira estrela. Pra você eu peço. Não me deixe morrer antes de conhecer o meu bisneto".

quinta-feira, julho 21, 2005

Aos berros, em plena Avenida, meio dia, sábado.
Ele na rua, ela no quinto andar:

- Maria Clara eu quero ver a sua alegria, manda ela voltar.
- Marcelo já disse, a minha alegria tirou umas férias.
- Mas como vou viver sem o seu sorriso?
- Mando pelo elevador uma fita com a música "Alegria" do Arnaldo Antunes com uma foto.
- Do seu riso?
- Ai meu Deus. É Marcelo. E quando a Dona Alegria voltar peço para ela te telefonar. Agora quer fazer o favor de correr para o elevador e pegar o meu sorriso, antes que pare em mãos estranhas.

Alegria

Eu vou te dar alegria
Eu vou parar de chorar
Eu vou raiar o novo dia
Eu vou sair do fundo do mar
Eu vou sair da beira do abismo
E dançar e dançar e dançar
A tristeza é uma forma de egoísmo
Eu vou te dar eu vou te dar eu vou

Hoje tem goiabada
Hoje tem marmelada
Hoje tem palhaçada
O circo chegou

Hoje tem batucada
Hoje tem gargalhada
Riso e risada
Do meu amor

Arnaldo Antunes

terça-feira, julho 19, 2005

Preciso de

bolinhas de sabão para espantar o cinza que acabou de chegar no meu dia.

segunda-feira, julho 18, 2005

"Lágrimas de diamantes
À noite, lágrimas de diamantes
De dia lágrimas, à noite amantes
Lágrimas de diamantes"

Paulinho Moska


de dia sérios
à noite risos

de dia distantes
à noite enlaçados

de dia espera
à noite suspiros

de dia colegas
à noite enamorados

e assim vivem Pamela e Ricardo.

domingo, julho 17, 2005

Mais uma decepção. Bato a porta. Desço as escadas. Não cumpro a promessa: "chore em casa". Choro ali mesmo, um choro silencioso, nada de soluços. Saio correndo do prédio - de longe ficou o "bom dia, Dona Rita" do seu João - rezando por um táxi estacionado na porta. E lá esta ele, dentro um senhor, cabelos brancos e óculos, folheando o jornal de ontem. Enxugo as lágrimas, dizem que os taxistas são ótimos psicológos, mas hoje prefiro chorar com o meu travesseiro. Digo o caminho, no rádio começa a tocar uma música do Leoni, cantada pela Paula Toller e Léo Jaime, bem anos 80. Saudade da infância, sem preocupar com nada, sem sofrer por nada nem por ninguém. Chego em casa, e ao sair do táxi deixo um único desabafo para o Seu Gumercindo: "Não acredito no amor, é apenas uma palavra de um conto de fadas qualquer".


A Fórmula do Amor

Eu tenho gesto exato, sei como devo andar
Aprendi nos filmes pra um dia usar
Um certo ar cruel de quem sabe o que quer
Tenho tudo planejado pra te impressionar
Luz de fim de tarde meu rosto encontra a luz
Não posso compreender não faz nenhum efeito
A minha aparição será que errei na mão
As coisas são mais fáceis na televisão
Mantenho o passo alguém me vê nada acontece
Eu não sei porque se eu não perdi nenhum detalhe
Onde foi que eu errei

Ainda encontro a fórmula do amor

Eu tenho a pose exata pra me fotografar
Aprendi nos livros pra um dia usar
Um certo ar cruel de quem sabe o que quer
Tenho tudo programado pra te conquistar
Eu tenho um bom papo e sei até dançar
Não posso compreender não faz nenhum efeito
A minha aparição será que errei na mão
As coisas são mais fáceis na televisão
Eu mantenho charme alguém me vê nada acontece
Não sei porque se eu não perdi nenhum detalhe
Onde foi que eu errei

Ainda encontro a fórmula do amor

Leoni

quinta-feira, julho 14, 2005

vale a pena ler de novo!

Nada como uma noite fria, anunciando a chegada do inverno.
Na geladeira, o vinho esta a espera do casal que, acaba de sair do cinema de volta para casa.
No carro, ela sem entender, porque o namorado a levou para o cinema, em um dia de comemorações mais românticas. Ele ansioso, para ver a reação da namorada com a surpresa que preparou para o dia romântico.
Data, sábado, 21 de junho, aniversário de 1 ano de namoro- um ano de sorrisos e choros, brigas e desculpas, amor e sexo.

Em casa, sentada no sofá, Paula coloca a bolsa do lado, dobra a perna e espera. Vinícius deixa a chave e a carteira na estante, e com um olhar saudosista, ele lembra da primeira vez em que a viu: sentada com a mesma postura, festa da faculdade e seus pés acompanhavam o ritmo da música. A chance de convidá-la para dançar - pensou na época. E o sorriso tímido da moça o encantou ainda mais.

E valeu a pena - pensou mais uma vez voltando do tempo. Correu para o som e disse que tinha uma surpresa. Colocou o cd, e no rosto claro e meigo da Paula o sorriso se abriu e começou a entender, começou a escutar a música do primeiro encontro (festa da faculdade) sem esperar o comando dos pés foi ao encontro do Vinícius e começaram a dançar. Na meia volta da dança, outra surpresa, em cima da mesa: velas que estavam em castiçais, pratos, taças e uma massa. Vinícius foi até a geladeira e pegou o vinho tinto seco.
Os dois sentaram, um ao lado do outro. De repente, Paula com um brilho nos olhos diz: “não conhecia esse seu lado romântico”. Ele saboreando a massa e a vendo sorrir ainda mais, concordou com a mãe ao sugerir o jantar-surpresa-romântico.
Ao lembrar da mãe agradeceu pela deliciosa massa que ela fez com tanto carinho - ele pode ser romântico, mas não entende nada de cozinha - para esta grande noite. Ao pegar a sobremesa, também agradeceu a irmã pela torta sonho de valsa que ficou.

Mais vinho, e depois do jantar, a surpresa parte dois: fitas de vídeo em que estão registrados momentos desse 1 ano de namoro. Sentaram nos pufes, ficaram horas, rindo, rindo, rindo e comentando sobre o que fizeram: as viagens, os micos por conta da cerveja, as festas, o amor, a amizade.
O resultado das palavras dita a cada um,naquele momento, resultou a um abraço bem apertado e beijos fervorosos.
Pararam por um instante, se olharam, corações em ritmo forte, bocas molhadas com gostinho de quero mais, um calor começando pelos pés e que crescia em cada ponto de seus corpos.
Foi quando Paula percebeu que Vinícus a pegava pelos braços colocando em seu colo, com as mãos ela conseguiu a tempo pegar as taças e o vinho e foram para o quarto.

Ao acordar perceberam que a noite passada, foi especial, romântica e ardente, pois, o dia amanheceu quente e belo.
Espantando assim, o frio, que anunciava a meteorologia para o dia.

quarta-feira, julho 13, 2005

Toma a poesia da Pepi!

"Mesmo que agora não possa te tocar
Sinto teu corpo embriagado em minha pele...

Como se a cada taça de vinho tomada
Permitisse que seus lábios e os meus estivessem
Entrelaçados....

E aquele vinho tão gelado se transformasse
Curtos em longos saborosos suspiros...

E a noite tão bela e tão solitária, não seria
Mais a mesma....

A lua deixaria de se esconder entre as
Nuvens e teu corpo não estaria mais
Tão distante como esta agora....

Mais um copo de vinho,
Um brinde,
A você que ausente agora está
Mas nunca sai do meu pensamento...."

Cecília Karfunkel

terça-feira, julho 12, 2005

"...e assim viveram felizes para sempre"

Essa era a frase que Dani - com cinco anos - e sua gata Filó sempre escutava do seu pai quando terminava de contar estórias para dormir. Dizia que escutaria essa frase quando ela, a gata Filó e seu pai - o seu único amor - estivessem bem velhinhos. Os dois sentados em uma cadeira de balanço de mãos dadas e a gata brincando com o novelo de lã azul. Para ela, seu pai nunca a abandonaria. Ele era o único homem que podia pegar em sua mão, abraçar e dar beijinhos no rosto. Dani não queria saber dos meninos da sua idade, eles eram infantis e mau educados - dizia baixinho no ouvido do seu pai quando a buscava na escolinha.

As estações passaram.

Dani percebeu que aquele amor, era amor de filha para pai, o amor que seria o seu porto seguro. As paixões por meninos da sua idade ou um pouco mais velhos foram acontecendo. Tudo era desculpa para ficar por perto: música lenta, conversas ao telefone, no portão, bilhetinhos. Paixões da adolescência. Entrou para a faculdade. Descobriu o amor: o calor no corpo, as mãos frias, tremedeiras, palavras engasgadas. Nunca tinha sentindo por nenhum menino o que sentia pelo Bruno. Casou no sítio em um caminho de pétalas de rosas. Mais algumas estações e conheceu o outro significado da palavra amor: o de ser mãe. E, não esquecendo da gata, essa já era a tataraneta da Filó: Filozita.

Chegou o frio. Dias cinzas, como avisou o mocinho do tempo.

E o vento levou embora o seu mais completo amor. E foi assim, aos 35 anos, conheceu o outro lado: o da dor, o da perda. Dani perdia seu pai. Sabia que esse dia chegaria, mas nunca teve a coragem de se preparar para ele. Mesmo vendo a velhice o derrotando, não conseguia pensar na morte do homem da sua vida. Ela sabia que a frase não seria para os dois. Mas, pelo menos, no início do inverno, sentou junto ao seu pai na cadeira de balanço, e com um abraço e com um beijo, selaram o amor eterno.

Depois do tenebroso inverno, a primavera. Sentada na varanda do sítio, onde se casou, com o chapéu na mão, em frente ao jardim de rosas brancas, Dani foi coberta por beijos e afagos e uma mão pequena lhe deixou um livro. A estória da sua família: Bruno e seus três filhos. Além de frases contando até o agora, fotos do casamento, das pequenas crianças, da família da Filo, faziam parte do livro de capa dura. Com a emoção nos olhos ela leu a última frase do livro: "... e assim viveram felizes para sempre".

Dani ainda com os olhos chorosos, voltou ao jardim de rosas brancas e no meio plantou quatro rosas vermelhas, para ela, as rosas mais belas, mais insubstituíveis, mais amadas do seu grande jardim.

segunda-feira, julho 11, 2005

beijo que te quero beijo.

beijo na ponta dos pés. beijo pelas costas. beijo na nuca. beijo no pescoço. beijo na bochecha. beijo na ponta do nariz. beijo na palma mão. beijo borboleta. beijo peixinho. beijo na boca. beijo-mordida. beijo quente. beijo doce. beijo colorido. beijo estalinho. beijo demorado. beijo esperado. beijo proibido. beijo sonho. beijo mais que perfeito. beijo nas nuvens. beijo encantado. beijo especial. beijo momento. beijo querido.

beijo que te quero beijo

quinta-feira, julho 07, 2005

Praça do Papa.
O frio começa a nos desejar um bom final de tarde.
Enrolados em um edredon, esperamos o pôr-do-sol.
Enquanto o sol some atrás da belo horizonte.
O calor do nosso corpo começa a nos desejar uma bela boa noite.

quarta-feira, julho 06, 2005

"O amor tem cor?
Cada amor tem uma cor
Cada beijo tem uma cor
Cor de caramelo doce
Cor de madrugada fria"

As palavras de Cazuza acordaram Mônica que abriu os olhos sorrindo, olhou para o outro lado da janela. Azul céu, brancas nuvens, amarelo sol, verdes montanhas. O amor é assim, como as cores desse dia. Colorido dia. - disse. O vento agradece com um beijo em seu rosto-sorriso.

segunda-feira, julho 04, 2005

Foi assim

Sentada, olho para cima, com a esperança da sua varanda ficar iluminada. Um aviso de que você chegou e encontrou a minha foto, atrás, palavras.
- Meu Deus, gritei baixinho e pensei: a foto esta na mesinha que fica do lado da porta e e lá que você joga suas correspondências, e como a maioria, são de publicidade, vão direto para o lixo, e como você é um distraído, bem capaz de rasgar minha foto em pedacinhos e juntar com os pedacinhos das outras correspondências sem interesse.

Levantei, arrumei a saia que a brisa do mar teimava em levantar e corri para a portaria do seu prédio.
- O porteiro me viu saindo com as malas. Posso dizer que esqueci mais alguma coisa. Falei sozinha.
De repente, a velhinha do 601 chegou com sacolas, livros e mais alguns badulaques. Ofereci ajuda, se assustou, mas sabe que sou do bem. Então com os livros no rosto, não tive nem trabalho para explicar o porque de voltar ao seu apartamento com o porteiro. E também não queria que comentasse, com você, quantas vezes pisei no prédio.

Abri a porta, tremendo, pois passei por uma experiência nova. Peguei a foto e coloquei em cima do seu travesseiro, pelo menos, se você arrumar a cama para dormir verá a foto voando e ficará curioso.
Fechei a porta e fui embora, mas sai do prédio, como nunca tinha saido antes. Engatinhando. E corri para o banco da praça. Sentei com as pernas cruzadas e continuei a olhar para cima.

Agora, estou sem entender: como você sabia que eu estava na praça. As luzes do seu apartamento não acenderam, por isso, não deve ter lido o meu recado.
- Amanda, seu Luiz me avisou que você chegou. O médico disse a ele que você estaria na praça.
- Pois é. E seu Luiz, o porteiro, é um fofoqueiro. Eu sabia.
- Mas porque você estava na praça?
- Queria te fazer uma surpresa. Deixei uma foto com um recado: Sai da casa das pessoas de branco, voltei para as cores do mundo, e estou sentada no banco verde em frente ao mar azul, esperando você para comer o algodão doce rosa.

sexta-feira, julho 01, 2005

porque me emociono com os seus olhos verdes

vi Chico Buarque de quinta para sexta
vi sim
um Chico Buarque preto e branco, tímido, de bigode, com cigarro nos dedos e com o seu violão no colo
vi sim
Chico e a criação da letra da música, "Construção", em que todas as rimas são feitas em proparoxítonas
vi sim
Chico, suas letras, suas músicas, seu papo
vi sim
vi no Programa Ensaio, de 1973, da TV Cultura