terça-feira, agosto 23, 2005

Vale sempre a pena conferir!


www.zetafilmes.com.br/indie

quarta. a partir de quarta, uma semana dedicada ao cinema mundial. 125 filmes de 32 países. primeiro dia um telão na Praça da Liberdade. depois: usina unibanco de cinema; cine humberto mauro; cineclube unibanco savassi. então, esta dito. a quinta edição do Indie - Mostra de Cinema Mundial esta para começar. ah, já estava esquecendo de contar: a entrada é gratuita. então o dinheirinho só será para as pipocas e refrigerantes. e uma boa diversão!

quarta-feira, agosto 17, 2005

Um homem usando um terno branco passou em frente à casa, assoviando uma canção: “Parece com um samba cordão que tocava nos bailes de carnaval em Ubá”, dizia a minha avó. Foi para a janela na expectativa de ver um rosto que morava em seu peito. Mãos suando, coração controlado pediu para a neta convidar o belo moço a tomar um café e comer pão de queijo. Sem entender, o porque do convite, a neta o chamou. Mas a avó sabia: rosto jovem, lembranças da sua primeira paixão - baile de máscaras, era o começo do carnaval.

Foi para a varanda, sentou em sua cadeira de balanço e no colo um álbum antigo nas mãos. Em gestos apontou para a pintura desgastada onde um homem segurava uma flor, o tempo não apagou o olhar de esperança: o homem esperava por alguém.
“Sim, Dona Ruth, eu sou filho do Adjalme, o homem da foto, vim até aqui por pedido do meu pai, ele antes de partir, queria lhe entregar isto", respondeu o moço ao gesto de Dona Ruth.

Os olhos da boa velhinha brilharam e chorou: a última vez em que o viu, foi na ferroviária, ela dentro do trem - ordens do pai, encaminhá-la para a capital - ele na praça da estação. Dona Ruth nem pode dizer adeus. Somente a lembrança em uma folha de papel. Desenho do olhar do homem que espera a sua amada. Olhar ansioso, olhar esperançoso, olhar de lembranças.
A neta, emocionada, lembra da história que a avó lhe contou. Um amor interrompido, só porque ela tinha mais e ele menos. Não podia desacatar as ordens do pai, então, foi calada e direto para a capital.
Agora, a neta vê a rosa. Vê a rosa nas mãos da Dona Ruth. A rosa que Seu Adjalme nunca deixou de amar.

A primeira de muitas flores que ele queria dar a ela. A primeira flor que ganhou em toda a sua vida. A primeira flor que continua vermelha, linda em uma jarra de cristal em cima do móvel que fica ao lado da sua cama. A primeira flor que tem o cheiro de amor eterno. Um amor que tinha coração para amarem outros. Amor que respeitou esses outros amores, mas nunca foi esquecido. Lembranças de um amor que começou no carnaval. Uma rosa e uma pintura.

Ao deitar, Dona Ruth olhava para a rosa e chorou de felicidade, uma felicidade que ela não sentia há muito tempo e um dia rezou. Lembrou do homem de terno branco e logo olhou para o céu e viu uma estrela brilhar: “Sabia, tinha certeza, anjos existem”.

terça-feira, agosto 16, 2005

loucos sim.
destrambelhados sim.
tristes nunca.
feios jamais.

o resumo de um dia. primeira vez que deixei de não gostar da segunda-feira.


Balada do Louco

Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
que não é feliz, eu sou feliz

Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz

Mutantes

quarta-feira, agosto 10, 2005

“era uma viagem inventada no feliz;
para ele, produzia-se em caso de sonho”
Guimarães Rosa



"Ô menino" - chamam. Não tinha nome, ninguém sabia seu nome, e como ele já respondia a esse chamado não interessava a ninguém saber a "sua graça". Apareceu na vila há uns dois anos. Dorme no canteiro da cidade, acorda na porta da padaria do Seu Almeida, a espera do pedaço de pão e um copo de leite. Seu Almeida gostava do Menino, "sorri com os olhos, pobre Menino guri", dizia para a sua clientela.
Não era só o padeiro, a dona Gertrudes, a do cinema que fica ao lado da padaria, também era só amores com o Menino. A tardinha, quando o sol se despede da cidade na sua cor alaranjada, a dona abre as cortinas vermelhas do seu pequeno mundo de magia para o menino assitir aos filmes mudos, preto e branco, para então, sonhar, variados sonhos, na noite que chegava. "Sorri com a alma, o Menino pixote", dizia para os seus cinéfilos.
A lua iluminava o ponto central da cidade, o cheiro da dama da noite o chama para fechar os pequenos olhos pretos, perto das flores do canteiro. Seu Florêncio e Dona Violeta, os jardineiros, deixam sempre arrumado o cantinho: colchonete, travesseiro e uma manta. "Sorri com o sonho, o Menino moreno".

sexta-feira, agosto 05, 2005

e amanhã é sábado que maravilha!



então, amanhã começa mais um ensaio para o espetáculo no final. no palco. em cima do palco (lugares preferidos: praça do papa e depois palco).

gente nova, texto novo, coreografias novas e no final aplausos e mais aplausos.
quero uma rosa branca no final (flores preferidas: girassol e depois rosa).

quinta-feira, agosto 04, 2005

vou ver o que gostei de ler

"...amainava a febre dos meus pés na terra úmida, cobria meu corpo de folhas e, deitado à sombra, eu dormia na postura quieta de uma planta enferma vergada ao peso de um botão vermelho; não eram duedes aqueles troncos todos ao meu redor, velando em silêncio e cheio de paciência meu sono adolescente? que urnas tão antigas eram essas liberando as vozes protetoras que me chamavam da varanda? de que adiantavam aqueles gritos, se mensageiros mais velozes, mais ativos, montavam melhor o vento, corrompendo os fios da atmosfera? (meu sono, quando maduro, seria colhido com a volúpia religiosa com que se colhe um pomo)."

trecho do livro: "Lavoura Arcaica" de Raduan Nassar que, para minha felicidade e de tantos outros, finalmente, em setembro, o filme chegará nas locadoras.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Fim de tarde em um shopping da cidade.
Meninas-moças: Laura e Carol
Menina-criança: Pam
Sentadas no chão da cafeteria: “Bom do café”.

Um homem passa, olha, para e pergunta:
- Moça esta tudo bem?
- Sim – responde Laura que mais uma vez esta sendo empurrada por Pam para deitar-se no chão.
Minutos depois, um homem de terno se aproxima, para e pede:
- Desculpa. Mas será que poderiam voltar para as cadeiras, ali na frente tem uma câmera e eles estão achando que a senhorita não esta passando bem.

As meninas-moças levantam rindo e dizem para a menina-criança:
- Esta vendo Pam, ninguém conhece as mil e uma maneiras da dança do ventre.
- Pam estende os pequenos braços não entendendo nada do que se passa.

Correu para o colo da mãe, dançarina e professora de dança do ventre, que se divertia com a cena: - Minha pequena futura herdeira dançarina.
E Pam riu.

segunda-feira, agosto 01, 2005

Estrela cadente pede licença para riscar o céu. Estrelas se juntam para dar passagem. E lá se foi.
Lua cheia vem logo atrás. Coloca ordem na casa. Espalha as estrelas. E por lá permaneceu, tomando conta, para não deixar que, também, a beleza daquela noite peça licença para ir embora.